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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cesário Verde

“Além de ser réplica poética do realismo irónico queirosiano, (…) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, «com versos magistrais, salubres e sinceros».”


Melhor poeta português não teria existido para representar o realismo.
A ironia deste poeta, pintor das suas palavras, engloba a autenticidade, o movimento e constituição dos seus esboços que juntamente com a sua fonte de prodigiosa imaginação, encaminhada através de uma sexualidade contrastada com a nossa tradição provençalista, é perseguido pelo naturalismo refugiando-se na evocação alucinatória de pormenores minuciosos de um pormenor autêntico assim como na caracterização de uma cena idealizada. A sua irónica pode ser comparada à de Eça. Embora Cesário pudesse considerar-se um irónico, nunca lhe é possível retirar o carácter realista, a realidade em si.
O real atinge uma enorme relevância para Cesário. Uma atenção aguda ao mundo exterior, o recorrer dos cinco sentidos; do olfacto, do tacto, da visão, da audição, do paladar. Somente desta forma obtemos o que nos permite considerar Cesário Verde o maior realista da poesia moderna. Do seu recorrer aqueles certos pormenores, aos flagrantes despistados na esquina de uma cidade, os sentidos que despertam vida, o minucioso mover de um ser, os valores extrínsecos… o mundo externo. Interpretar – como palavra-chave. O desejo de encontrar uma explicação leva o poeta a transpor a dúvida com uma explicação proveniente da interpretação dos seus sentidos, através deles.
Cesário expressa-se sincero, nunca traindo os seus sentidos, nem tomando-os como falsos ou enganadores.
Os versos magistrais da poesia de Cesário Verde elevam-no a um ser pioneiro, que futuramente seria seguido por muitos.

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